segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Maxi grita por descanso

Esta época ainda vai a meio e Maxi Pereira, que até nem é rapaz de se lamentar, por esta altura já deverá "gritar" no seu interior por algum descanso. Começando por olhar aos factos, o lateral-direito é de longe o jogador do plantel com as pernas mais sobrecarregadas, tendo fechado o ano de 2011 com um total de 5253 minutos, contabilizados ao longo de 64 jogos: 50 pelo Benfica, mais 14 ao serviço do seu país. Para se ter uma ideia, o segundo jogador mais utilizado é Luisão e está a uma distância considerável do lateral-direito uruguaio: 55 jogos e 4750' .

E se Rúben Amorim era quem ainda vinha fazendo as dobras ao internacional uruguaio, a sua iminente saída - está em rota de colisão com Jorge Jesus e também suspenso de toda a actividade na Luz - vem agudizar ainda mais o problema. Para tentar aliviar as costas do camisola 14, a SAD já tratou de fazer regressar o jovem André Almeida do empréstimo ao Leiria, mas também ele não oferecerá a fiabilidade do sul-americano nos jogos "a doer". Na prática, El Mono continua sem uma alternativa ao seu nível e o facto não preocupa apenas os encarnados. Ao longe, os responsáveis da selecção uruguaia receiam que Maxi Pereira gripe o motor um dia destes.

"Seguimos sempre pormenorizadamente o percurso de todos os jogadores, vemos todos os jogos, sabemos a intensidade dos treinos, e o que sempre me preocupou com o Maxi é o facto de ele jogar sempre. Não tem períodos de descanso e isso pode resultar em prejuízo para ele - e para a equipa, claro - a qualquer momento. Sempre tivemos algum receio que ele quebrasse. O Benfica deveria arranjar-lhe uma alternativa. Não só porque a concorrência faz a excelência, mas também para podermos ter o Maxi disponível por muitos mais anos, tanto no Benfica, como na selecção", dispara o preparador-físico da selecção uruguaia, José Herrera, em declarações a O JOGO.

O técnico frisa que Maxi "também tem tido sorte, por não sofrer lesões", mas dessa forma também acaba por estar "sempre à disposição dos treinadores". "Quando veio da Copa América, por exemplo, também mal descansou e pôs-se logo às ordens do treinador do Benfica", lembra. Tal só é possível, explica Herrera, porque o camisola 14 "tem condições excepcionais do ponto de vista físico": "Há muito de genética. Ele nasceu com uma forte componente aeróbica, mas depois conseguiu desenvolvê-la ainda mais em treino. Para além disso, ainda consegue ser rápido. É fisica e mentalmente muito forte."

Muitos perguntarão como é possível, então, Maxi Pereira automotivar-se para manter um rendimento tão linear ao longo dos anos, não tendo a já referida concorrência à altura (desde Patric a Luís Filipe, passando por adaptações de Amorim, Miguel Vítor e até Airton). José Herrera esclarece que tudo passa por "um processo interior, em que o jogador procura sempre transcender-se". "O Maxi tenta colocar constantemente a fasquia mais elevada. Isso, aliado à sua capacidade de sacrifício, ajuda-o nesse capítulo e também a ser um exemplo na selecção uruguaia", remata.


87,5
Se dividirmos os minutos que Maxi Pereira passou em campo no ano de 2011, por horas, é fácil chegar à conclusão que o internacional uruguaio esteve quase 90 horas a correr nas quatro linhas, ora pelo Benfica, ora pela sua selecção

6
Em média, Maxi Pereira teve um jogo a cada 5,7 dias (arredondando, dá os referidos 6) em 2011. Valor impressionante, tendo em conta que a maioria dos jogadores tem férias para recarregar as baterias no final de cada época. Este ano, El Mono teve de seguir para a concentração da selecção uruguaia, para preparar a Copa América

14
O número de jogos disputados ao serviço do seu país no ano que passou, onde Maxi Pereira até teve a felicidade de poder festejar a conquista da Copa América, no final de Julho

5
Esta é a quinta época do lateral-direito ao serviço do Benfica, mas o internacional uruguaio nem chegou teoricamente para colmatar essa posição. No Verão de 2007, vinha rotulado de médio polivalente - podia jogar como interior ou trinco - e acabou por ser Quique Flores, já na campanha de 2008/09, a fixar definitivamente o jogador na lateral

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