domingo, 31 de outubro de 2010

Discurso do presidente do Sport Lisboa e Benfica:“O estádio foi um motivo para elevar a nossa auto-estima”

No almoço de celebração do 7.º aniversário do Estádio da Luz, o presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira, destacou que o recinto desportivo desempenhou um papel fundamental na recuperação da grandeza do Clube. Leia o discurso na íntegra.
“Estamos aqui para evocar dois feitos diferentes, mas que cada um à sua medida e distanciados por muitas décadas, foram marcantes na história do nosso clube.
Falo, por um lado, da inauguração do novo Estádio da Luz, há sete anos atrás, e da conquista da nossa primeira Taça dos Campeões Europeus há cinquenta anos.
Começando pelo Estádio da Luz. Recordo que fomos o último clube a decidir avançar para a construção do seu ‘novo’ estádio.
Como todos se devem lembrar o cenário era muito pesado em função da herança recebida, do desânimo que se vivia, mas principalmente pela falta de credibilidade junto das entidades financeiras. Mesmo assim, e conhecedores de todos os riscos, tivemos a “coragem” de avançar.
Muitos dos meus cabelos brancos estão aqui neste estádio. Nasceram a partir do momento em que foi necessário convencer algumas pessoas de que não o construir seria perder o caminho da modernidade.
Nasceram em cada reunião – e acreditem, foram muitas – com as entidades financeiras. Foi necessário convencê-las de que seríamos capazes de cumprir com os compromissos assumidos. Felizmente, acreditaram na minha palavra e no nosso projecto.
Não tenho dúvidas, que foi a partir desse momento que começou a desenhar-se o novo Benfica.
O estádio foi um motivo para elevar a nossa auto-estima. Foi um momento de agregação de todos nós a volta de um projecto comum que se começou a consolidar nesse momento.
Recordo que num sábado, nos primeiros meses de 2001, no Restaurante do “Barbas” na Costa da Caparica, tive uma reunião com o Mário Dias e o Seara Cardoso, onde lhes pedi para me mostrar o processo que andava a ser discutido, mas que maioritariamente tinha sido posto de lado! Foi nessa tarde, que verdadeiramente começou o projecto do novo estádio. Foi a partir daí, que conseguimos transformar o não num sim!
Permitam-me, por isso, que evoque a pessoa de Mário Dias. É de total justiça recordá-lo num dia como hoje!
Orgulho-me de ter estado no grupo de pessoas que sempre acreditou que a construção deste estádio não só era possível, como era fundamental para recuperar a grandeza deste clube.
Relembro as reservas de alguns elementos da Direcção, totalmente legítimas, diga-se, mas demasiado conservadoras.
Mas também nunca me esqueço – e é isso que verdadeiramente vale a pena assinalar num dia como hoje - da determinação que outros tiveram de enfrentar todas as desconfianças, de assumir a nossa capacidade empreendedora e de assumir, enfim, os valores que são nossos.
Era um desafio enorme, num cenário difícil, mas nunca tive dúvidas que tínhamos de avançar e de que íamos ser bem sucedidos.
Hoje, banalizaram-se as imagens do nosso estádio e parece que tudo foi fácil, mas a verdade é que foi necessária muita coragem para decidir avançar com o projecto. Felizmente que tomámos a decisão certa.
Quanto aos nossos campeões – aqui presentes – e como alguém recentemente reconheceu, o Benfica sabe honrar a sua história e a memória daqueles que vestiram a nossa camisola. Sabe projectar e reconhecer o mérito e o valor daqueles que foram referências do clube, daqueles cujo contributo foi essencial para termos chegado até aqui.
Homenageá-los é um dever, é certo, mas acima de tudo é um enorme gosto que todos nós temos em fazê-lo.
Com dois títulos de campeões europeus e sete presenças em finais, o Benfica é – por direito – um dos clubes históricos do futebol europeu. E tudo começou precisamente em 1961, com a memorável campanha que nos conduziu à final de Berna e à vitória por 3-2, frente ao Barcelona.
Tenho orgulho em ter nesta sala os protagonistas dessa inesquecível campanha europeia.
Ver o Ângelo Martins, o José Augusto, o Mário Coluna, o Mário João e o Artur Santos, que estiveram na conquista desse primeiro título europeu, e, ainda, o António Simões e o Eusébio que se juntaram para a conquista da segunda Taça dos Campeões, em 1962, numa das finais mais emocionantes de sempre, frente ao Real Madrid, é poder respirar e viver a nossa história.
Aquele fim de tarde em Berna representou muito mais do que uma vitória do Sport Lisboa e Benfica, representou a consagração de Portugal.
Permitam-me ainda uma referência ao Fernando Cruz e ao Saraiva que por razões diferentes não podem estar presentes e a todos aqueles que, infelizmente, já não se encontram entre nós. Todos merecem a nossa sentida admiração e gratidão.
A célebre fotografia do José Águas a erguer a Taça dos Campeões Europeus é a imagem que a história guardou como símbolo do nosso primeiro título europeu.
Nessa foto cabe todo o Benfica! Obrigado a todos!”


Fonte: SL Benfica Online

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