sábado, 12 de março de 2011

Clubes ingleses são quem mais investe em Portugal



A Aliança Inglesa, estabelecida em 1373 entre Portugal e Inglaterra, é a mais antiga aliança diplomática do Mundo ainda em vigor e nos últimos anos tem sido transposta também para o futebol, tais são as relações comerciais, no desporto-rei, entre os dois “aliados”. Se noutros tempos, Espanha e Itália dominavam o mercado futebolístico, garantindo a contratação dos melhores jogadores em países de segunda linha, hoje em dia a Premier League tornou-se no cliente preferencial de clubes vendedores como são, claramente, os emblemas portugueses.
Entre as 20 maiores vendas registadas desde sempre em Portugal,nove delas tiveram como comprador um clube britânico, um facto sintomático não só do poder económico dos emblemas em reinos de Sua Majestade como a atenção que têm vindo a dedicar ao muito menos mediático campeonato português, com um investimento forte no acompanhamento constante da Liga com olheiros em permanência no território português.
No top das 20 vendas mais avultadas em Portugal, os clubes ingleses gastaram a astronómica soma de 205 milhões de euros, verba repartida apenas por três emblemas (Chelsea, ManchesterUnited e Liverpool).A chegada de Roman Abramovich a Stamford Bridge foi o principal impulso para as finanças do futebol português. Desde 2004, os blues gastaram 117,5milhões nas aquisições de Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Bosingwa, Ramires e David Luiz. No entanto, até à data, o melhor investimento foi feito, claramente, pelo Manchester United que contratou Cristiano Ronaldo ao Sporting por 17,7 milhões e vendeu – com enorme usufruto desportivo pelo meio – por 94 milhões ao Real Madrid, gerando uma mais-valia superior a 75 milhões (!).
Entre a lista de clientes do futebol português, a vizinha Espanha surge em segundo lugar, com quatro aquisições no top 20 e com um total investido de 93 milhões de euros em Pepe, Di María, Simão eManuel Fernandes. Como seria expectável, o Real Madrid é quem mais gasta num filão que promete ter continuidade no próximo verão, como forte interesse merengue em Fábio Coentrão, por quem a equipa de José Mourinho parece disposta a desembolsar os 30 milhões pedidos pelo Benfica. Apesar de perder a corrida pelas estrelas para os ingleses, os espanhóis são quem mais investe em Portugal no que a jogadores de segunda linha diz respeito.  Nos últimos anos, o FC Porto “descobriu” mercados paralelos aos grandes campeonatos,mormente França e Rússia. Só com as transferências de Lucho e Lisandro, os portistas encaixaram 43 milhões de euros, enquanto os russos compraram Bruno Alves e Maniche por somas tão elevadas que entraram diretamente para a lista de maiores vendas do futebol português. A crise do futebol italiano na última década retirou poder de compra aos transalpinos que continuam a ter duas contratações de “peso”, Ricardo Quaresma e Nuno Gomes, jogadores que pouco usufruto desportivo deram a Inter Milão e Fiorentina. Curioso é ainda o facto de, apesar do boom que se registou no mercado português na última década, a aquisição de Mário Jardel pelo Galatasaray ao FC Porto continuar a figurar entre os principais negócios. Apenas um ano depois estava no Sporting por 5 milhões.

Publicado em Mercado Aberto da edição impressa de 12 de março
Record

Sem comentários:

Enviar um comentário