segunda-feira, 23 de maio de 2011

Eusébio estreou-se há 50 anos: «Foi a melhor noite da minha vida»

Marcou três golos na estreia contra o Atlético, quase seis meses depois de chegar a Lisboa. Voltou a marcar três golos na estreia internacional, em Paris, contra o Santos de Pelé. Viveu momentos difíceis e até pensou em voltar a Moçambique.

Estádio da Luz. Dia 23 de Maio de 1961. Uma semana antes de jogar em Berna a final da Taça dos Campeões Europeus com o Barcelona, o Benfica defronta, em jogo particular, o Atlético. Uma razão especial para a realização do jogo, numa noite ainda mais especial. Eusébio da Silva Ferreira, um jovem moçambicano de 19 anos, ia fazer a sua estreia com a camisola nº. 10 de águia o peito. E Eusébio, tudo o indicava, não era um jogador qualquer.

Os meses que antecederam este encontro não tinham sido fáceis para o jovem africano. Envolvido numa guerra entre Benfica e Sporting, esperara quase meio ano para fazer o que mais gostava: jogar futebol e marcar golos. Chegara a Lisboa no dia 17 de Dezembro de 1960, numa viagem envolta no maior dos secretismos. Foi o último passageiro a embarcar no Super Constelation da TAP no aeroporto da cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo. Já todos os passageiros estavam a bordo, quando um Volkswagem do exército o levou até às escadas do avião.

À chegada a Lisboa esperava-o o frio de Dezembro e uma novela de muitos episódios, que quase o faziam arrepiar caminho. O Benfica sabia que tinha em seu poder um diamante, mas o rival do outro lado da Segunda Circular estava disposto a lutar pela preciosidade descoberta no Sporting de Lourenço Marques. Foi um calvário de angústia, um caminho de muitos escolhos que se lhe depararam pelo caminho até chegar a hora de fazer aquilo que adorava. Pelo meio houve acusações polémicas, falou-se de rapto, mas em Moçambique o Benfica fechara contrato com Eusébio e deixara 250 contos nas mãos de Dona Elisa Anissabene, mãe do jogador.

O aviso chegou em Maio de 1961. O contencioso à volta de Eusébio estava resolvido. A Federação Portuguesa de Futebol aceitara a inscrição do jogador. A estreia aconteceu perante uma plateia de cerca de 15 mil espectadores.

«Foi a melhor noite da minha vida como jogador do Benfica», confessa Eusébio, passados quase 50 anos sobre o dia 23 de Maio, que marcou a sua estreia. «Finalmente já sabia que era jogador do Benfica, que já não havia nenhuma dúvida, que não havia nada que me impedisse de jogar.»

ABola

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