quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

No aproveitar está o ganho

O que têm em comum os laterais João Pereira (Sporting) e Sílvio (Sp. Braga) ou o médio Manuel Fernandes (Besiktas)? Os três foram formados no Benfica, representam outros clubes e já chegaram à Seleção. São apenas três exemplos do esbanjamento dos encarnados no que aos jogadores saídos da formação diz respeito.
Se o leão e o “turco”, ambos lançados por José Antonio Camacho na equipa principal das águias, ainda foram campeões, Sílvio não teve oportunidade de saborear uma presença sequer. “Ele estava numa lista de jogadores que deviam ser emprestados para terem tempo de amadurecer”, recorda Rui Oliveira, que deixou o Benfica em 2005, após ter elaborado um programa de recuperação da formação, numa equipa que integrava Jesualdo Ferreira, Carlos Gomes, Porfírio Alves e, mesmo, António Simões, enquanto diretor-desportivo.
Esse trabalho iniciou-se em 2001, numa altura em que essa área da formação estava de rastos. Enquanto os rivais, nomeadamente o Sporting, lançavam talentos em catadupa, o Benfica estava órfão de uma referência. Rui Costa é a última grande bandeira. Rui Oliveira desmonta a ideia de que o Benfica esteve adormecido. “Nos últimos anos, 16 jogadores formados no clube foram internacionais A.”
Desperdício. A questão tem sobretudo a ver com o aproveitamento. “Isto é próprio de um clube rico, que desperdiça os jogadores que forma. Numa equipa que tem jogadores como Mozer, Vítor Paneira, Valdo... Talvez Rui Costa não teria tido oportunidade se não se sagrasse campeão do Mundo”, arrisca dizer. Hoje, no plantel do Benfica, há um jovem que Jorge Jesus quer segurar para contrariar a tendência recente: Roderick Miranda, ex-capitão dos juniores. O defesa-central, de 19 anos, está prestes a completar um programa de fortalecimento muscular, pelo que vai ter mais oportunidades.
“Quando o programa foi criado, ele era infantil. Nesse escalão, é difícil dizer quem pode vir a ser jogador. Mas o facto de estar no plantel mostra o trabalho que foi feito desde os infantis até aos seniores”, observa Rui Oliveira, adiantando que o importante, agora, é que não faltem oportunidades para que o o defesa-central mostre as suas qualidades e continue o processo de crescimento enquanto futebolista.

Record

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