sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Eusébio: O rei que caiu do céu

ATERROU EM LISBOA HÁ 50 ANOS
O aeroporto da Portela agitou-se em noite que exigia discrição máxima. Em Lisboa, respirava-se o ambiente misterioso dos filmes de ação, enquanto não aterrava o precioso diamante que havia de revolucionar o futebol português. Sendo um desconhecido, dele já se sabia o que verdadeiramente interessava para o caso: chamava-se Eusébio da Silva Ferreira, tinha 18 anos, era um potencial génio da bola, jogava no Sporting local e vinha para Lisboa com destino ao Benfica. Mesmo com episódios rocambolescos vividos em Moçambique, a parte mais intensa da luta jurídica entre os dois grandes rivais só agora iria apenas começar.
Eusébio chegou assustado e com muito frio – deixou África com 40 graus e não estava preparado para o choque provocado pela temperatura baixíssima que gelava a então capital do império. Estranhou o aparato à sua volta. Muitos dirigentes do Benfica, alguma ansiedade no ar e até alguns jornalistas desejosos de ouvir as primeiras impressões do candidato a estrela. Para quem nunca vivera algo semelhante, passou o primeiro teste do mediatismo com distinção. Pela frente estavam quatro meses de incerteza, para os quais não estava preparado. Durante esse período, Eusébio viveu no centro de uma luta em que fuga e esconderijo surgiram antes de se expressar com os argumentos pelos quais se fez notar: um génio do futebol.
O tempo encarregou-se de justificar todas as batalhas e de enquadrar na história todos os passos do maior fenómeno do futebol português. Há meio século, naquela longínqua noite de dezembro, Eusébio não foi apenas a joia africana que os dirigentes benfiquistas esperavam. Foi o rei que caiu do céu ao futebol português e lhe deu 50 anos de glória e orgulho.

Record

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