sábado, 25 de dezembro de 2010

Delmar Barreiros: «Devemos olhar para o lado e não apenas para o umbigo»

Delmar Barreiros é pároco das paróquias de Alfama e Castelo, em Lisboa. É adepto do Benfica, mas nutre também simpatia por Académica e Belenenses. Vive o desporto, adora futebol e, neste Natal, sonha com a igualdade entre Homens e o fim do egoísmo. E os desportistas podem ser fundamentais no alcançar destes valores.
No dia 26 de Setembro de 1937 nascia, em Trancoso, Delmar da Silva Gomes Barreiros. Foi ordenado padre em 1962. Foi pároco em Celorico da Beira, Sabugal, Mafra, Rio de Mouro, capelão na Marinha e agora guia os destinos das paróquias de Alfama e Castelo.
Praticamente no berço ouviu falar do Benfica. A família era benfiquista e as poucas notícias que chegavam a Trancoso eram relacionadas com o clube da Luz. Paixão acesa, intensa e, diz, eterna. Enquanto estudava, aproximou-se da Académica, quando trabalhou na Marinha piscou o olho ao Belenenses, mas é o Benfica que lhe faz palpitar o coração.
Não sofre, não chora, não rói as unhas, não se incomoda com as derrotas. As suas lamentações são outras. Aliás, em época natalícia agudizam-se as dores que o atormentam enquanto pároco, mas sobretudo como português atento e preocupado.
«A pobreza existe. Este é um sinal de guerra. Há uma luta entre ricos e pobres, sem sentido, é certo, mas existe. E quem é pobre parte com armas diferentes. Há que mudar as mentalidades. Os próprios desportistas, na maioria dos casos com boas condições de vida, devem dar um sinal claro de que as diferenças devem e podem ser anuladas. E devem actuar em conformidade», explicou o padre Delmar.
«Espero que as pessoas parem e reflictam sobre o que é realmente o Natal. Que o egoísmo, notório durante todo o ano, desapareça. Faz-nos falta olhar para o lado e não apenas para o nosso umbigo. Estamos sempre prontos para rasteirar os outros, mas nunca para dar a mão. E isto adapta-se totalmente ao desporto. Não devemos pensar eliminar quem nos rodeia, mas sim ajudar, porque, no fundo, lutamos todos pelos mesmos objectivos: por uma vida mais justa, sem egoísmo, solidária e verdadeira», justificou.
Desejou ainda um santo Natal a todos os portugueses, pediu tolerância, fraternidade, humildade e solidariedade. E fez um pedido, praticamente um desafio, aos que mais têm nesta quadra:

«Custa-me ver pessoas com tanto e outras com tão pouco. Sejam solidários e ajudem quem mais precisa. Estes são os valores necessários para um Natal mais bonito. O futebol, aglutinador de massas, pode também ser um veículo importante para passar esta mensagem. Partilhem o que recebem e serão certamente mais felizes.»

A Bola

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