sábado, 17 de julho de 2010

Alan Kardec quer vingar à chapada


À chapada: é assim que Alan Kardec se quer impor como titular no Benfica. Não no sentido literal do termo, usado para descrever o movimento brusco de uma mão na face de alguém, mas no figurado, aquele que no Brasil é habitualmente utilizado para caracterizar a potência de remate de um futebolista. Essa é uma das suas principais virtudes e é com ela que conta para ser mais vezes titular do que na última época. Cardozo que se cuide com as "estaladas" do menino...

Como os adeptos do Benfica já comprovaram, Kardec tem um chuto forte como poucos - embora essa também seja uma imagem de marca do Tacuara. Foi recorrendo a esse argumento que conseguiu bater Mandanda na partida da Liga Europa frente ao Marselha e, na corrente pré-época, teve já a oportunidade de o demonstrar nas duas partidas em que participou pelas águias: frente a Sion e Aris de Salónica. Marcou um golo, de livre-directo, mais em jeito do que em força, provando assim que não se trata propriamente do típico avançado alto e tosco.

Uma imagem que bate certo com a opinião de dois atletas bem conhecidos dos portugueses e que com ele partilharam muitas horas ainda no futebol brasileiro. Roberto Tigrão, que actuou com Kardec durante as três temporadas em que este alinhou no plantel principal do Vasco da Gama, destaca precisamente os petardos de um avançado que inúmeras vezes o deixou desamparado nos treinos do clube carioca. "Como nós costumamos dizer no Brasil, ele tem uma chapada muito forte na bola. Possui uma potência muscular enorme, o que faz com que os seus remates sejam muito difíceis de defender", afirma, a O JOGO, o actual guarda-redes do Moreirense.

Alecsandro, ex-avançado do Sporting, coloca igualmente ênfase nas características físicas de Alan Kardec. Nomeadamente, no "porte físico", que lhe pode abrir portas a um futuro risonho. "Pelo tipo de perfil que tem, pode dar-se muito bem na Europa. É muito jovem e pela sua imponência física pode chegar longe", afirma o actual ponta-de-lança do Internacional de Porto Alegre, emblema onde partilhou algumas alegrias com o agora benfiquista.

Outra grande virtude de Kardec é a capacidade de lidar com a pressão, o que também já provou no clube da águia. Correspondeu com um tento nos decisivos minutos finais em Marselha, tal como não deixou ficar mal Jorge Jesus na oportunidade que o técnico lhe concedeu diante do FC Porto, na final da última Carlsberg Cup. "Na hora da pressão, há muitos jogadores que dão um passo atrás. Ele é dos que dão um passo à frente", diz Roberto Tigrão, reconhecendo em seguida diferentes qualidades neste avançado de 21 anos: "Tem facilidade em finalizar. É alto, cabeceia bem e tem uma óptima noção de posicionamento na grande área. Sabe enquadrar-se com a baliza."

A mesma opinião tem Alecsandro. "Destaco o sentido posicional e o facto de ser muito bom finalizador. Pode chegar ao nível de um Jardel", diz o avançado, estabelecendo uma comparação que já tem... barbas. Assim que se estreou no Vasco da Gama, logo traçaram o paralelismo com o goleador que, mais tarde, viria a fazer história no futebol português. Quando chegou a Portugal, aliás, o próprio Kardec assumiu algumas semelhanças, mas, para já, aguarda que Jesus lhe conceda oportunidades suficientes para mostrar que pode, também ele, vir a ser o Super-Alan. Jardel não conseguiu impor-se logo nos primeiros anos da carreira e Kardec tem igualmente uma fraca média de golos por minuto: na carreira profissional, entre Benfica, Vasco da Gama, Internacional, tem apenas 11 tentos apontados. Mas, garante Tigrão, "tem valor para jogar em qualquer equipa do mundo". De Cardozo, este guarda-redes pouco sabe, mas, se fosse treinador, "o Kardec seria sempre titular..."

Fonte: O JOGO

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